quinta-feira, 19 de junho de 2008

Hip Hop leva jovens de comunidades para Europa

Sebastião Gilson Gomes

Bermudas ou calças bem largas, um boné na cabeça voltado para trás, e expressões como: amigo, mulher, confusão, briga, com certeza, foi preso, mano, mina, treta, firmeza, rodou. Essas são algumas das marcas que identificam os hip-hopeiros, a galera do hip hop. O Movimento cria um novo estilo de comunicação, é o que dizem os integrantes do Projeto Geração Hip Hop, que em 2005 foi para a França representar o Brasil.

Início - O projeto Geração Hip Hop iniciou suas atividades em 2004 no Sesc de São Gonçalo, Sesc Madureira e Sesc Tijuca, onde diversos jovens artistas foram selecionados a partir de audições referentes aos quatro elementos que compõe a cultura Hip Hop. Em 2005, o projeto foi selecionado pelo Ministério da Cultura, para participar do ano do Brasil na França, através de uma parceria entre o SESC Rio e o Centro Cultural Châteauvallon em Toulon (França). Nove participantes dos elementos Break e Graffiti foram escolhidos e se apresentaram durante 3 meses (maio a julho de 2005) em diversos espaços culturais na França e Tunísia, com o espetáculo Zona Branca. "O Geração Hip Hop tem como objetivo a conscientização de jovens quanto ao seu papel social, e ao mesmo tempo lhes abrem oportunidades artísticas fazendo com que eles se tornem capacitados a passar conhecimentos e ensinamentos para outras gerações, refletindo sobre suas próprias identidades", revela Patrícia Castro, coordenadora do projeto Geração Hip Hop.


Espetáculo - Atitude e Consciência é um espetáculo que aconteceu no último final de semana no SESC Tijuca e nasceu do Geração Hip Hop. Procurou mostrar a trajetória do movimento negro, desde os anos 60 até hoje, e seus desdobramentos na cultura brasileira, tendo como ponto de partida o discurso de Martin Luther King (”Eu tenho um sonho” - 1963). Luther King lutou para que todos os homens tivessem direitos iguais, independente da cor da pele. Teve a supervisão artística de Mayckon Rosa. O grupo é composto por: Jazz, Sorriso, Mayckon, Marlom, João Paulo, Wagner, Bia, Dani e Liliy - Break , Denise, Joy-C e George - Rap, Marjan - DJ e Bulhões - Graffiti. “Nunca pensei em ir à Europa, agora acredito que através da dança, além de mudar completamente a minha vida, posso ver o quanto mudei a vida de outras pessoas, pois é, o hip hop me transformou em professor e hoje dou aulas em várias comunidades", vibra Maycon um dos primeiros integrantes do projeto.

Vestimenta – Por todo o evento no SESC Tijuca era possível ver os garotos reproduzindo a fórmula do Hip Hop americano, usando calças baggy, bermudões e jaquetas. Acessórios pesados que ostentavam riqueza, como correntes de ouro, pulseiras grossas e relógios enormes, típicos dos americanos. O modo de falar dos rappers também atraía a atenção das pessoas, que muitas vezes não entendiam o significado das expressões. “A galera que não faz parte do movimento, faz cara feia ou torce o nariz. Algumas entendem, mas a maioria critica de forma negativa o nosso jeito de falar e o nossa maneira de viver", protesta Lili, uma das participantes do evento.

Histórico - A Dança de Rua surgiu através dos negros das metrópoles Norte Americanas. As primeiras manifestações surgiram na época da grande crise econômica dos EUA, em 1929, quando os músicos e dançarinos que trabalhavam nos cabarés ficaram desempregados e foram para as ruas fazer seus shows. Em 1967, o cantor James Brown lançou essa dança através do Funk. O Break, uma das vertentes do Street Dance, explodiu nos EUA em 1981 e se expandiu mundialmente, sendo que, no Brasil, devido à sua cultura, os dançarinos incorporaram novos elementos de dança.


Hip Hop no Brasil - Alguns pesquisadores dizem que o termo Hip Hop, foi criado em meados de 1968 por Afrika Bambaataa. Ele teria se inspirado em dois movimentos cíclicos, ou seja, um deles estava na forma pela qual se transmitia a cultura dos guetos americanos, a outra estava justamente na forma de dança popular na época, que era saltar (hop) movimentando os quadris (hip). O nome Hip Hop surgiu no Brasil na década de 80. Ainda não existiam movimentos que retratavam exatamente o fundamento, o significado na íntegra desta cultura, porque todo aquele povo da época (a grande maioria) desconhecia este nome Hip Hop. O que na época foi propagado e muito na mídia, era a febre chamada Break Dance.

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